Das Brumas e da Escuridão

Para lá das brumas, há todo um mundo para descobrir, desvendar, conhecer.
Para lá das brumas tudo é possível acontecer. Basta caminhar, meio às cegas, de coração aberto, armados de coragem e abertos ao imprevisível.
As brumas escondem a vida, deixando entrever as formas dos sonhos e a expetativa de os realizar.
Se as brumas representam os nossos anseios, amores, projetos, esperança, sonhos ou ilusões e mesmo os nossos desejos mais inconfessáveis, a escuridão  simboliza todos os nossos medos, incoerências, ressentimentos, invejas, ódios e frustrações


Caminhamos, no mundo, entre as brumas e a escuridão, descansando, de tempos a tempos, em pequenos oásis verdejantes, de águas frescas e cristalinas, onde, por momentos, a acalmia nos envolve num manto de paz e podemos tocar a essência da felicidade.
Mas, a vida parece apostada em colocar-nos constantes desafios. Prega-nos partidas, obriga-nos a escolher lados, testa-nos até  à exaustão.
A dificuldade está em escolher o caminho. Quanto mais incoerentes ou mais frágeis forem os nossos valores e princípios, mais vezes e com maior brutalidade seremos atirados, como numa dança enlouquecedora, entre as brumas e a escuridão.
Na verdade, os princípios e valores são os nossos alicerces, as bases que, de acordo com a sua maior ou menor robustez,  nos permitem ganhar balanço, lutar contra fantasmas ou moinhos de vento, ou enfrentar a dureza, a crueldade ou as injustiças, as quais, continuamente, se atravessam no caminho.
Se vivermos num constante mea culpa, matirizando-nos e culpando-nos dos nossos fracassos, entraremos pelo caminho da escuridão, tal como acontece se nos alimentarmos de ódio,  ressentimento ou inveja. Pois as brumas afastar-se-ão para locais inatingíveis, tal como uma miragem, na travessia do deserto.
As escolhas nem sempre são fáceis, tal como não o é enfrentar as perdas, os insucessos, as dores ou as traições, mas da coerência entre os alicerces e o caminho tomado resultará sempre um caminhar pelas brumas e o encontrar, por momentos, pequenos oásis.

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