Solstício de Inverno

Desde tempos ancestrais, os solstícios e os equinócios tem sido celebrados pelos diferentes povos do planeta.  Estes fenómenos marcam o início de cada Estação e são uma nova etapa de transformação e mudança,
Estas celebrações, de origem pagã, coincidem, aproximadamente, com as datas das mais importante celebrações religiosas, as quais terão sido escolhidas, provavelmente, por essa mesma razão, quer por serem alturas de celebração, quer para tentar afastar as pessoas dos rituais pagãos.

"O eixo de rotação da Terra (movimento da Terra em torno dela mesma) possui uma posição fixa que está ligeiramente inclinada em 23,5º em relação ao eixo de translação da Terra (movimento da Terra em torno do Sol).Isto faz com que em determinada época do ano, a luz solar incida com maior intensidade sobre o hemisfério norte e, na outra parte do ano, incida com maior intensidade sobre o hemisfério sul, caracterizando o chamado solstício. Da mesma forma, ocorre que em determinada época, a luz solar incide de maneira igual sobre os dois hemisférios, caracterizando o equinó
Assim, diz-se que é solstício de verão no hemisfério sul quando a luz solar incide com maior intensidade sobre este hemisfério e, ao mesmo tempo, que é solstício de inverno no hemisfério norte, por causa da menor incidência de luz solar neste hemisfério.
Desta forma, podemos dizer que o equinócio é um estágio intermediário entre o solstício de verão e o de inverno em determinado hemisfério. Ou seja, o equinócio ocorre quando a incidência maior de luz solar se dá exatamente sobre a linha do Equador.
Então, diz-se que é equinócio de outono para o hemisfério que está indo do verão para o inverno e equinócio de primavera para o hemisfério que está indo do inverno para o verão.
Ilustração dos Solstícios e Equinócios no Hemisfério Sul. Ilustração: SCI Jinks/JPL/NASA [adaptado].Ilustração dos Solstícios e Equinócios no Hemisfério Sul. Ilustração: SCI Jinks/JPL/NASA [adaptado].


O solstício e o equinócio ocorrem duas vezes por ano, geralmente nos dias 20, 21 ou 22 de junho e dezembro, no caso do solstício, e nos dias 22 ou 23 de setembro e 20 ou 21 de março para o equinócio.

O momento exato de um solstício é aquele em que o sol, visto da Terra, encontra-se o mais distante possível do “equador celeste” (linha imaginária que marca o céu ao meio – como o equador com a Terra), ou seja, quando ele se encontra a 23,5º para o norte ou para o sul dessa linha. Já o momento exato do equinócio é quando o sol passa exatamente sobre o equador celeste.
Podemos dizer, também, que quando é solstício de verão no hemisfério sul, o sol estará “a pino” sobre o Trópico de Capricórnio, pois este se encontra exatamente a 23,5º da Linha do Equador e, portanto, receberá incidência direta da luz solar. Ou o contrário, quando for solstício de verão no hemisfério norte, o sol estará “a pino” sobre o Trópico de Câncer. No equinócio, o sol estará “a pino” sempre sobre as regiões localizadas próximas a linha do equador.
Da mesma forma, podemos dizer que, nas regiões polares, o Círculo Polar Ártico delimita a região que não receberá sol durante o solstício de inverno no hemisfério norte. Da mesma forma que o Círculo Polar Antártico, delimita a região que não receberá sol durante o solstício de inverno no hemisfério sul."
Fontes:
http://www.observatorio.ufmg.br, http://www.mat.ufrgs.br
Ilustração: http://scijinks.jpl.nasa.gov/solstice

Ontem, 21 de dezembro, foi o solstício de Inverno, o qual foi assinalado um pouco por todo a parte e objeto de artigos ou referências em quase todos os mídia.

Em jeito de celebração, quer do Solstício de Inverno, quer do Natal, deixo-vos com uma Short Story, de Maria Sant'Iago, numa "viagem" até às celebrações do solstício de inverno, dos nossos ancestrais.


- Solstício de Inverno -

Aquele dia era o mais curto do ano. O sol já se punha, mas ainda era tão cedo.
A mulher olhava o céu. 
Uma ruga profunda, desenhada entre as sobrancelhas, e o trejeito amargo na boca manifestavam apreensão e medo.
Era o Inverno que chegava. 
Um arrepio percorreu-lhe o corpo, eriçando-lhe os pêlos dos braços seminus.
Chegara a altura de voltar para a caverna, onde os dias passavam lentos, na obscuridade, amanhando as peles, remendando cestos, fazendo colares e pulseiras.
Na caverna, o ar parado, onde se misturavam os cheiros, fétidos, e o fumo das fogueiras, tornava-se-se difícil respirar. 
Seria que a carne, que tinham secado ao sol, chegaria até que os nevões passassem e os homens pudessem, de novo, caçar?
No Inverno não se encontravam frutas, com facilidade, as plantas escondiam-se por debaixo das grossas camadas de neve e as bagas eram difíceis de localizar
As suas cestas, tal como as das outras mulheres, estavam cheias de bagas, grãos e raízes, e seriam partilhadas com o resto do Clã, mas, mesmo assim, se o inverno fosse mais longo, corriam o risco de não chegar.
Podiam pescar, mas o frio intenso não lhes permita passar muito tempo fora da caverna.
Todos os anos, no Inverno, muitos dos mais velhos partiam, as crianças adoeciam e muitas não chegavam à primavera.
Todos os anos, explodiam discussões violentas, entre as mulheres, entre os homens, entre marido e mulher. Até as crianças se zangavam. 
Não raro, agrediam-se fisicamente, para depois tudo voltar à normalidade. 
Era uma forma de libertarem a tensão, por se encontrarem confinados a um espaço exíguo, saturado de cheiros nauseabundos .
A mulher curvou-se, tentando aquecer o seu corpo, magro e musculoso, na quente pele de urso, que só a cobria parcialmente.
Ouviu, ao longe, a vozeria dos homens que transportavam o Grande Veado, com reverência, para junto do grande molho de lenha, no centro dos outros molhos, que as mulheres tinham disposto em circulo, entre as pedras gigantes, do sopé da montanha.
As crianças corriam excitadas. Era dia de festa. De cantos. De bagas mágicas.De silêncio e histórias, milhares de vezes contadas, de geração, em geração.
Era tempo de sacrificar o Grande Veado e comer até não poder mais.
A mulher caminhou, num passo calmo e elástico, até ao lugar do sacrifício, juntando-se ao resto do Clã.
Os homens ajoelharam-se no chão, segurando, com dificuldade, o Grande Veado que, de olhar assustado, tentava escapulir-se a todo o custo.
Acenderam-se as fogueiras. As chamas dançavam, enlouquecidas, ao vento, desenhando figuras fantasmagóricas na encosta.
O Chefe do Clã aproximou-se do Grande Veado. As suas mãos possantes seguraram, com força e determinação, as longas e perigosas hastes do animal.
O corpo do homem estava retesado pelo esforço, mas não se lhe notava medo ou hesitação.
Os olhos do Chefe enfrentaram os olhos do animal
O silêncio era imenso, apenas cortado, de quando em quando, pelos bramidos e resfolgar assustado do Grande Veado.
Depois, a calma desceu por sobre a terra e Homem e Veado, de olhos fixos um no outro, pareceram tornar-se num só ser.
A voz forte e profunda do homem, fez-se, então, ouvir.
Agradeceu ao sol, às plantas, ao mar, a todos os animais e às árvores por todo o alimento, proteção, calor e bem-estar que lhes tinham proporcionado ao longo do ano.
Depois, pediu ao Espírito do Grande Veado autorização para o matar e, ajoelhando-se, agradeceu-lhe a sua generosidade, por se dispor a saciar a fome do Clã, ajudando-o a enfrentar um novo Inverno.
O Espírito do homem e o Espírito do veado fundiram-se, por um momento eterno.
Então o Chefe ergueu-se, tão rapidamente que foi difícil acompanhar o movimento com o olhar, e espetou, com precisão, a sua afiada faca de silex entre as vértebras do pescoço do animal.
O Grande Veado ajoelhou, numa vénia, caindo depois sobre a neve, manchada de vermelho, fixando o céu intensamente.
A festa durou toda a noite, entre histórias, cantos e dança. Os queixos luzidios, deixavam adivinhar a qualidade do repasto.
O dia acordou, cinzento e frio, encontrando ainda os mais destemidos despertos.
Era tempo de rumar à Caverna. Era tempo de enfrentar um novo Inverno e aguardar, com esperança, a chegada da Primavera, cheia de vida, cores, cantos, animais e alimento.
Era tempo de pedir à Grande Mãe que os protegesse de mais um longo, soturno e duro Inverno.

Comentários

  1. Não gostei do final da história. Queria que ele tivesse conseguido escapar.

    Feliz natal!

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    Respostas
    1. É a lei da vida. Existem os predadores e as presas. Uns têm que perecer para que outros possam sobreviver. Só isso permite o equilíbrio da natureza.
      Mas, atualmente, toda a natureza está em desequilíbrio. Excesso de humanos. Produção intensiva de animais e intensiva e extensiva de vegetais.
      Feliz Natal

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